quinta-feira, 21 de junho de 2012
sábado, 12 de maio de 2012
Pico Paraná : além do mito que limita o infinito.
O mergulho da vez é no ponto considerado o mais elevado do sul do Brasil : Pico Paraná . Este verdadeiro monumento, preservado pelo tempo geológico e admirado pelos montanhistas , localiza-se na Serra do Mar Paranaense e conta com quase 2.000 metros de altitude.O cume do Paraná proporciona uma visão privilegiada do conjunto de montanhas no qual está incluso e exige muita cautela e preparo físico para quem se propõe a alcança-lo.
É denominada Serra do Mar uma extensa cadeia de montanhas que se prolonga do norte de Santa Catarina ao Rio de Janeiro , onde se interliga à Serra da Mantiqueira que se estende até o Espírito Santo. O Pico Paraná , descoberto em 1940 pelo geólogo Reinhard Maack e conquistado em 1941 , é uma formação rochosa de granito e gnaisse composto por uma vegetação predominantemente densa , apresentando , como na maioria das montanhas vizinhas , a típica Chusquea pinifolia , conhecida também por Caratuva .
O último sábado , dia 05 de maio , foi presenteado por uma exuberante lua cheia que estimulou o meu amigo Helton Laufer a organizar um bivaque no gigante das montanhas do sul (ou PP para os mais íntimos) . É válido reconhecer os pontos positivos que esse "boom" das redes sociais proporcionou , através delas tive a grande oportunidade de conhecer e criar laços de amizades com montanhistas e praticantes de aventura , uma vez que é raro encontrar indivíduos dispostos a levar e viver essa vida montanhística ...
Aproximadamente vinte apaixonados pelas alturas confirmaram a empreitada , formaram-se dois grupos : um sob liderança do Helton e o outro do Guilherme Rosa (Conrados Adventure) .Iniciamos a trilha , por volta das 19:30h , com a participação especial da esplêndida lua cheia encantando os olhos de quem a observava e excitando ainda mais a vontade de alcançar o cume. A trilha de acesso a este apresenta uma extensão de aproximadamente 7km ,com intercalados graus de dificuldade possíveis de serem superados , não sendo indicada para iniciantes pelo fato de ser exaustiva .
Lanternas? Em vários trechos da trilha fui guiado somente pelo auxílio do satélite natural da Terra , com um cenário composto pela silhueta da cadeia de montanhas que integra a serra em questão. Nesse mesmo âmbito , de admiração e deslumbramento , me veio à cabeça a letra de "Infinita Higway" que me remete , simplificadamente , à liberdade de viver e ao desapego do medo de conduzir a vida com mais prazer .
Antes de tocar o cume do Pico Paraná é necessário passar por três áreas de acampamento , conhecidas respectivamente por : A1 , A2 e A3 . Após passar os primeiros grampos da montanha pretendida , ainda distante do cume , me senti como um grão de areia diante da magnitude das elevações ao redor , simplesmente mágico .
Horas depois de iniciarmos a trilha , alcançamos o cume com a receptividade da nossa guia lua , agora um pouco mais perto, e de um céu estrelado. O tempo colaborou muito com a nossa estada no cume do PP , a temperatura , na medida do possível , estava agradável e não ventava muito. Logo pela manhã o sol não deu as caras , timidamente aparecia entre as nuvens , mas , ainda assim, a sensação de acordar no topo da montanha supera qualquer expectativa .
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No cume do Pico Paraná |
Na descida fomos acompanhados por névoa e chuvisco em alguns trechos , mas ainda com uma temperatura agradável para trilhar . Mais uma vez , trago na cargueira a experiência de conviver com "malucos" também alucinados e apaixonados por esse mundo que proporciona um respirar diferenciado , um contato mais aproximado com o nosso interior e a liberdade para reciclar e renovar nossos pensamentos. A montanha é o lugar onde se quebra a ideia de que o mito limita o infinito , quando se é livre nada é limitado .
Até a próxima trilha , abraço !
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Foto: Juliana Oliveira |
Até a próxima trilha , abraço !
terça-feira, 17 de abril de 2012
A recompensa da montanha: Tucum - Camapuã
“Sentir com inteligência , pensar com emoção ” . Muito tempo demorei para compreender a essência dessa frase , talvez porque o momento oportuno para tal entendimento ainda não havia chegado , sendo necessário mergulhar em um mundo onde a realidade é mais prazerosa e a vida é mais vivida . Quando as portas das montanhas se abriram pude compreender o real significado da frase que havia se tornado um verdadeiro enigma : o cérebro começou a sentir e o coração a pensar.
Vamos lá ! O post de hoje tem como pano de fundo a Serra do Ibitiraquire e traz como protagonistas as montanhas Tucum e Camapuã , aquela com aproximadamente 1.720 m e essa com 1.699m . Tão perto e ao mesmo tempo tão distantes uma da outra , inquietações que somente a óptica , apoiada na física, consegue responder … Cada montanha com suas peculiaridades e um fator em comum: presentear os seus desbravadores com as paisagens mais fantásticas da Serra do Mar Paranaense.
A ideia de acampar no Tucum partiu do Cleber , poucos confirmaram presença e bem no fim só compareceram o próprio , Lúcio e eu . Partimos de Curitiba às 13:30 hrs rumo à fazenda que dá acesso aos cumes , o sol permanecia tímido e as nuvens pareciam confabular para a qualquer momento despencar água . Mochilão nas costas e pé na trilha (abrindo a temporada 2012 ) , iniciamos a subida às 15:00 hrs e uma hora e meia depois estavamos na bifurcação que separa as montanhas em questão do imponente Ciririca (1.781m) .
Saindo da mata atlântica entramos no descampado que dá acesso ao Camapuã , esse trecho é bastante íngreme e , apresenta uma certa dificuldade quando se está de mochila cargueira , propicia uma visão dos falsos cumes dessa montanha. Estavamos num divisor de águas : do lado da Serra do Capivari o sol brilhava em meio a um céu de brigadeiro , do lado das montanhas do Ibitiraquire uma nuvem negra estava formada juntamente com um maravilhoso arco -íris . Três horas após o início da subida alcançamos o cume do Camapuã e fomos recepcionados por um tempo encoberto e frio , nem era possível avistar o Tucum (nosso destino).
E a chuva despencou acompanhada de vento … Mudança de planos , começamos armar acampamento no Camapuã . Difícil lutar contra a intensidade do vento , minha barraca parecia mais um paraglider prestes a voar , foi só questão de armar as barracas e a chuva se intensificou ainda mais . O barulho da chuva é trilha sonora para os ouvidos , espanta os males da alma , agrega inspiração e reflexão .Uma música?Illex Paraguariensis , boa parte desse post foi escrito , em pensamento , nessa noite chuvosa com o auxílio do assovio do vento nas abas da barraca .
As horas passaram , peguei no sono e quando acordei , pela primeira vez , me lembrei de despertar o celular para acompanhar o nascer do sol , a chuva continuava não dando trégua e por alguns momentos me frustrei (só por alguns momentos ). Às 06:00 da manhã acordei , não ouvia mais o barulho da chuva, de relance observei na barraca a luminosidade do sol , foi então que resolvi sair dela …
O sol nascendo atrás do Pico Paraná e sobre ele nuvens de cores avermelhadas refletindo o astro rei, aquele com a aparência de um vulcão em erupção . Lúcio e Cleber também sairam das barracas para contemplar a receptividade do novo dia , todos com câmeras na mão . O céu estava azul , nuvens cobriam as montanhas mais baixas e molduravam as mais altas , uma bela e fria manhã de abril .
Sensação de liberdade no corpo e na alma , é assim que me sinto até voltar para BR seguindo em direção à cidade , são dois mundos completamente distintos . Uma das recompensas da montanha é unir as pessoas através de um objetivo comum : ser feliz nas alturas e renovar a vida , esta última se recicla a cada subida , é como se um novo ciclo recomeçasse . Nessas minhas poucas andanças conheci muitos amantes das montanhas e com muitos deles criei laços de amizade , amizade verdadeira , a última trip é um exemplo disso.
O próximo post será pré-moldado nas alturas do Pico Paraná
Até a próxima trilha,abraço !
Com a cabeça nas nuvens e os pés no Marumbi
Grandes blocos graníticos aflorantes com vales profundos e gigantescos paredões íngremes compõem a atual Serra do Mar Paranaense. O Conjunto Marumbi , conhecido também por “Granito Marumbi” , apresenta uma idade que oscila entre 400 e 600 milhões de anos.
O plano traçado era de começar a empreitada pelo tradicional Caminho do Itupava (aproximadamente 22 km) e ir até a base do Parque Estadual Pico do Marumbi e no dia seguinte acessar a Ponta do Tigre (1.400 m) , Gigante (1.487 m) e Olimpo (1.539m ). Para me acompanhar nessa jornada convidei alguns amigos que estavam dispostos a atingir o mesmo objetivo : Juliana Hoy , Bruno Aguilar , Ana Cecília , Veleda Astarte , Tiago Rossoni e Victor Dorneles .
Começamos o Itupava às 10:00 da manhã e chegamos à Estação Engenheiro Lange por volta das 17:30 ( com paradas durante o percurso) . Que sensação indescritível chegar na Estação Marumbi , contemplar o majestoso e sentir -se um grão de areia perante tanta imponência.
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Fonte: Cosmo -Corpo de Socorro em montanha(vista área do Conjunto Marumbi) . |
Não me lembro ao certo o horário em que fui dormir .Sempre fico ansioso quando estou prestes a subir uma montanha , ainda mais se tratando do Marumbi que exige muito respeito e muita cautela. Acordamos por volta das 05:30 da manhã para tomarmos um café reforçado e às 06:15 iniciamos a subida pela Trilha Noroeste rumo ao primeiro cume : Ponta do Tigre .
Palavras e fotografias não são suficientes para descrever o dia glorioso que nos foi concedido. A Trilha Noroeste é puxada , exigente , um pequeno descuido pode ser fatal. Às 09:20 alcançamos os 1.400 m , fomos bem recepcionados pela Ponta do Tigre com um visual inesquecivelmente inesquecível.
No próximo post será relatada mais uma trip na Serra do Ibitiraquire , desta vez : Tucum e Camapuã .
Abraço,galera !
Entre nuvens e montanhas -Serra do ibitiraquire
Comecei o mês de março com os pés na Serra do Ibitiraquire , mais precisamente no Itapiroca . Distante da cidade , afastado dos carros e buzinas , livre dos problemas (momentâneamente) , longe de tudo que é comum…
Para muitos é difícil compreender essa necessidade de fuga para as montanhas , talvez porque nunca tiveram a oportunidade de conhecer esse outro mundo. Sim , outro mundo !É como se um portal separasse a vivência da sobrevivência , o sonho da realidade , o perfeito do imperfeito e ajudasse a alma se refugiar e a mente se reciclar.
Recebi o convite do Guilherme Rosa para acampar no Itapiroca juntamente com os Conrados , já havia feito uma trilha com eles , agregam simplicidade , espírito montanhista e amizade. A manhã da partida estava nublada , fria , com jeito de tempestade , mesmo assim partimos e enfrentamos um congestionamento quilométrico na BR-116 , antes de chegar na Fazenda Pico Paraná .
O Itapiroca , montanha pertencente à Serra do Ibitiraquire , apresenta 1.805 metros e dentre as montanhas que compõem o conjunto é a quinta em altitude. Iniciamos a subida às 14:00 hrs com o tempo instável e um pouco quente , até chegarmos ao Morro do Getúlio o tempo havia se “firmado”. A expectativa era chegar no cume e ainda ser bem recebido pelo pôr do sol …
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Foto : Victor Dornelles |
Chegamos na montanha , com um tempo fechado , 3 horas após o início da subida . Logo de imediato armamos as barracas e a chuva despencou com tudo , acompanhada de muito vento. De início a expectativa era de a chuva dar uma trégua , mas ela se intensificava ainda mais, assim como o vento … mas a esperança de ser presenteado com um nascer do sol impetuoso ainda existia . O jantar , daquela noite , posso dizer que foi à base de bolacha e outras porcarias , ainda pude ouvir um pouco de Engenheiros do Hawaii antes do sono me pegar . Aproximadamente às 04:00 horas da manhã a chuva e o vento cessaram , ao sair da barraca pude contemplar um céu ,azul escuro, com muitas estrelas e as silhuetas do maravilhoso Pico Paraná(em frente ao acampamento ) e do ponto mais alto do Itapiroca (ao lado do acampamento) .
Tudo pronto para o início do espetáculo , às 06:00 da manhã o sol já despontava atrás do Pico Paraná (1.877,392 m) dando ao céu uma tonalidade variada de cores quentes .A galera , em peso , levantou cedo (antes do café) para prestigiar o novo nascer do astro rei , mesmo com todo o frio que fazia ( nem sei estimar a sensação térmica daquela manhã de março) . O Itapiroca proporciona uma ampla visão do Ibitiraquire , é possível avistar montanhas como o Ciririca , Caratuva , Tucum , Camapuã , dentre outras…
Essa filosofia montanhística é inevitável .O ambiente como um todo e a inspiração do dia são alguns dos fatores que contribuem para esses momentos de reflexão. Termino o post de hoje com uma frase do nosso amigo Belchior , na qual consta : " Minha alucinação é suportar o dia a dia e meu delírio é a experiência com coisas reais ..."
Até o próximo post , abraço !
Até a próxima trilha, abraço !
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